Elza Rocha Pinto
Nos primeiros contatos
feitos com os pais, ou com os responsáveis pela criança ou adolescente,
procuramos não apenas levantar dados relativos à queixa ou motivo do
encaminhamento, ao desenvolvimento físico e emocional do paciente, como também
traçar um perfil da dinâmica familiar. O próprio Mira y Lopez (1966) já
afirmava a importância desta dinâmica na determinação da sintomatologia:
Para o grupo das crianças impacientes ou ansiosas, que tendem sempre a
superestimar o tempo e portanto têm propensão a interromper suas tarefas antes
de acabá-las, devemos verificar em primeiro lugar, se são filhos de pais também
impacientes, que levam um ritmo de vida apressado e excitam, sem notar, o
sistema nervoso de seus descendentes.[1]
Para entender melhor como um
determinado sintoma surgiu e se desenvolveu, precisamos entrar em contato com a
história do paciente e de sua família. O grupo argentino segue um esquema de
entrevista semi-dirigida que aborda uma faixa bastante ampla de informações.[2]
Este relato normalmente é
feito pelos pais. Porém, algumas vezes, além dos pais torna-se necessário
entrevistar mais alguém da família, pela importância que este personagem pode
ter na vida emocional da criança. Isto ocorre principalmente entre as famílias
de baixa renda onde, na ausência dos pais, as crianças ficam entregues aos
cuidados de outras pessoas. Chama-se assim, para as entrevistas iniciais, desde
um irmão mais velho, até o avô ou uma tia.
Nesta fase o psicólogo
costuma levantar as primeiras hipóteses diagnósticas, que serão mantidas ou
modificadas no decorrer das etapas seguintes. Este momento inicial do processo
poderá se desdobrar em mais de uma entrevista, conforme a necessidade de
complementação das informações. Com base nestas entrevistas preliminares já é
possível levantar uma estimativa do número aproximado de sessões que serão
necessárias ao processo diagnóstico.
[2] Já que não podemos nos deter para analisar
melhor estas fases iniciais da avaliação diagnóstica, recomendamos a leitura de
dois capítulos exemplares sobre a anamnese: um deles - publicado por Arminda Aberastury em seu livro Teoría y Técnica en Psicoanálisis de Niños -,
apresenta um roteiro de questões que merecem ser investigadas nestas entrevistas
preliminares; complementando este levantamento, Maria Luiza O' Campo e
Maria E. Arzeno, no livro O Processo
Psicodiagnóstico e as Técnicas Projetivas, oferecem um substancial apoio
para a compreensão das ansiedades, das defesas, e dos movimentos transferenciais
e contra-transferenciais que podem surgir no decorrer destas primeiras
entrevistas.
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